Como as finanças afetam nosso comportamento dentro da empresa?
As finanças e o comportamento humano dentro das empresas
por Victória Maria Faraj Fonseca, graduanda de psicologia pela Universidade Metodista de São Paulo, entusiasta da Economia Comportamental e da Análise do Comportamento.
Já percebeu que a depender de como está sua vida financeira seu humor pode mudar?
Uma crise financeira nem sempre é prevista, por isso, é bom que estejamos sempre preparados para algumas eventualidades.
O ideal seria montar uma reserva de emergência e ter um estilo de vida onde se gasta menos do que se ganha, sem esquecer de investir, de preferência mensalmente, para estar preparado para estes imprevistos. Mas aqui há um fator bastante importante a se pensar: “preciso ganhar mais para não passar por uma crise financeira?” ou “eu acho que deveria ganhar mais”.
Neste ponto, superado o fator macro da “crise financeira” pensando em uma situação de má administração do dinheiro ou por ter sido afetado pela inflação, que costuma atrapalhar muito no país e afeta nosso bolso, exigindo mudanças de vida para uma consideração mais micro com considerações pessoais.
Assim, achar que deve ganhar mais se dá por um fator qualitativo (subjetivo, o que você e seus superiores acham que você deva ganhar?) e quantitativo (quando conseguimos quantificar com números ou materiais tudo o que produzimos em nosso trabalho). De fato, você pode ganhar mais pela qualidade e quantidade do que produz, mas saberia administrar isso ou seria mais uma coisa que afetaria seu comportamento dentro da empresa?
Até aqui abri duas frentes de discussão, a educação financeira frente a uma crise e a satisfação pessoal frente ao salário.
Veja, tanto a perda como o ganho financeiro mobilizam muitos comportamentos no dia a dia. Quanto a achar que tem de ganhar mais para não viver uma crise financeira é acreditar em uma grande mentira.
Se não há boa administração de suas finanças quando se ganha pouco e por vezes se endivida, quem dirá as dívidas de quando se passa a gastar mais! Então, ganhar mais precisa estar muito bem ajustado a uma organização financeira prévia.
Ao longo dos últimos anos muitos, autores como Zanelli e Konder, dedicaram-se a falar sobre a Psicologia organizacional, outros autores como Chiavenato e Ricardo Luz buscam falar sobre o clima organizacional.
O que geralmente não se fala tanto, embora agora a análise comportamental tem ganhado espaço nas organizações, é sobre quando este funcionário está passando por uma crise em sua vida, em especial financeira, como ele poderá ter o comportamento alterado e o que muda no relacionamento com os outros.
Quando você está no trabalho, desenvolvendo um projeto e está passando por um momento delicado em algum aspecto de sua vida, pelo excesso de preocupação que determinada tarefa gera em você, fica bem difícil se manter concentrado, até mesmo em atividades comuns do dia a dia. Ou ainda, já reparou como você ou seus colegas ficam mais envolvidos quando tem algum tipo de premiação em jogo?
Tanto uma preocupação pelo que já tem – dívidas, por exemplo –, como por aquilo que ainda não se tem – bonificação, por exemplo – geram desentendimentos entre os colegas, pode provocar insatisfação com o trabalho, causar desconforto e insegurança nos mais tímidos, reclamações constantes.
Perceba que a insatisfação é subjetiva, pensar o sentido que aquele trabalho tem para você e que este sentido pode ser afetado quando você está passando por uma crise financeira ou por querer ganhar mais, pode ser diferente de como um colega pensa sobre o trabalho e suas finanças.
Por isso, líderes, convido vocês a prestarem atenção em como os incentivos financeiros têm sido ofertados. Alguns de seus colaboradores se animam com coisas diferentes além do dinheiro. Além do mais, que tal fechar uma parceria com alguns educadores financeiros para você e sua equipe trabalharem a relação com o dinheiro?
A Psicologia Financeira ou Psicologia Econômica ainda possui pouco conteúdo científico comparado a outros temas, embora esteja em expansão, trago aqui pontos de atenção para o seu comportamento financeiro, pois é nele que você pode começar a se atentar, para que se reflita em você mesmo e em seu ambiente de trabalho, para que haja uma melhora também no trabalho.
Isso é importante até mesmo na avaliação dos líderes e suas respectivas equipes. Não são análises prontas, são pontos de reflexão que podem ser feitos em grupo, no time, que podem ser, a saber:
- Mudanças na vida sempre acontecem, ainda mais em um momento de pandemia. Talvez seja bom rever o que mudou para suas finanças e a de sua equipe. Tente propor estratégias de ajustes saudáveis para a organização e para o colaborador. Exemplo: algumas empresas entregaram ajuda de custo para a montagem de home office; promovem encontros para falar de como empreender e conseguir uma renda extra;
- Como sua equipe lida com metas, elas trarão algum tipo de premiação em dinheiro? Os mais endividados talvez sejam os mais ansiosos para atingimento; os mais engajados podem querer mostrar mais serviço; pensar como cada um é motivado de forma diferente;
- Se você está passando por um momento financeiro difícil e isso o tem feito mal, até mesmo fisicamente, tente conversar com seu líder para alinhar as expectativas com seu trabalho nesse momento. Líderes: estejam abertos a essa conversa e sem julgamentos;
- Se você tem estado exausto quanto a finanças, talvez seja a hora definitiva para se reorganizar. E você que não está exausto, não espere estar para então aprender sobre o tema.
- Lembre-se: dinheiro tem uma conotação diferente para cada um de nós devido a nossa história, somos diferentes, ainda, assim, todos precisamos de educação financeira.