O que é crédito rotativo?
O que é crédito rotativo?
O crédito rotativo é uma espécie de empréstimo pré-aprovado que é acionado quando alguém não consegue pagar o valor total da fatura do cartão de crédito. Nessa situação, o crédito rotativo é acionado para que a pessoa possa pagar a diferença apenas no mês seguinte.
Esse parece um ótimo benefício oferecido pelas instituições financeiras, mas ele traz um perigo escondido. Isso porque os juros do rotativo estão entre os mais altos do mercado, podendo chegar a 1.054,53% por ano, de acordo com o relatório de taxas de juros do Banco Central de 08 a 14 de junho de 2022.
Funciona assim: quando essa pessoa paga o valor mínimo ou menor do que o total, a diferença é somada à fatura seguinte. Assim, são cobrados juros sobre o valor em aberto que o cliente não conseguiu quitar.
Também é importante saber que existem dois tipos de crédito rotativo: o regular e o não-regular. Saiba mais sobre eles:
Crédito rotativo regular
O crédito rotativo regular é acionado quando o cliente faz o pagamento de um valor que esteja entre a quantia mínima e a intermediária da fatura. Esse valor normalmente é estabelecido pela credora do cartão de crédito na própria fatura. Dessa forma, os valores pendentes são adicionados à fatura do mês seguinte, com correção de juros. É neste momento que começa o perigo do rotativo.
Crédito rotativo não-regular
Por outro lado, o crédito rotativo não-regular é acionado quando o cliente não paga nem o valor mínimo da fatura. Nesse caso, as taxas de juros costumam ser ainda mais altas.
Quando o crédito rotativo pode ser cobrado?
Em 26 de janeiro de 2017, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou o prazo máximo de 30 dias para que um consumidor fique no sistema rotativo. Passado esse período, o saldo devedor terá que ser parcelado em uma linha de crédito com juros menores.
O objetivo dessa medida foi reduzir a inadimplência e aumentar a previsibilidade de pagamento para as instituições financeiras.
Com o rotativo, a tendência é que a dívida dobre ou até triplique de tamanho muito rápido. Por esse motivo, o cliente não consegue pagar o saldo devedor e sua dívida só aumenta. Por outro lado, com o crédito parcelado, os juros são menores e o cliente pode se programar melhor e aumenta a previsibilidade de recebimento da instituição financeira.
Como o crédito rotativo funciona?
Já falamos bastante sobre o conceito do crédito rotativo. Agora, vamos ver como ele funciona na prática. Imagine o seguinte cenário:
Valor total da fatura | R$ 1 mil |
Mês | Julho |
Pagamento mínimo indicado na própria fatura | R$ 200 |
Neste mês, o cliente não conseguiu fazer o pagamento do valor total. Por isso, pagou o valor de R$ 500, que está acima do mínimo, mas abaixo do valor total da fatura daquele mês. Dessa forma, seu pagamento ficou assim:
Valor total da fatura | R$ 1 mil |
Pagamento realizado no dia do vencimento | R$ 500 |
Saldo devedor (que vai para o crédito rotativo) | R$ 500 |
Assim, o saldo devedor somado aos juros do crédito rotativo serão adicionados ao valor do pagamento mínimo da fatura de agosto. Fica desse jeito:
Valor da fatura | R$ 1 mil |
Mês | Agosto |
Saldo devedor de junho | R$ 500 |
Taxa de juros rotativos | 13,43% |
Saldo devedor com correção de juros | R$ 567,15 |
Pagamento mínimo indicado na própria fatura | R$ 767,15 (R$ 200 + R$ 567,15) |
Valor final da fatura | R$ 1.567,15 |
O que é preciso saber sobre o crédito
rotativo?
Quando uma instituição financeira faz um empréstimo de dinheiro, assume o risco de não receber o valor de volta no prazo determinado. Para compensar essa possibilidade, ela cobra juros sobre o valor emprestado.
Neste contexto, os juros do rotativo costumam ser tão altos por conta da elevada taxa de inadimplência. Neste cenário em que muitas pessoas não conseguem fazer o pagamento, as instituições financeiras entendem que o risco desse tipo de crédito é muito alto.
Também é por esse motivo que todos os clientes das instituições financeiras passam por uma análise de crédito quando solicitam o cartão de crédito. Nela, a empresa leva em consideração alguns critérios como score de crédito, por exemplo, para entender se o consumidor é bom pagador.
Diante de todas essas razões, você já deve ter percebido que esse tipo de crédito deve ser evitado, correto? Ele só deve ser usado em casos de emergência e é uma solução de curto prazo.
Fazer o pagamento mínimo de sua fatura todos os meses não é uma atitude saudável para sua vida financeira. Mesmo que o valor seja repassado para o mês seguinte, você sempre terá que pagar juros e seu saldo devedor irá aumentar.
Parcelamento do crédito rotativo
De acordo com a regra do CMN, o crédito rotativo só pode ser usado até o vencimento da próxima fatura. Porém, se o cliente não conseguir pagar essa segunda fatura, o banco deverá oferecer opções de parcelamento com taxas mais baixas do que as do rotativo.
Parcelar a fatura é fazer um acordo com a emissora do cartão, informando que não será possível quitar o débito atual até a data de vencimento atual, mas que o acerto será feito nas próximas faturas.
Existem algumas regras estabelecidas pelo Banco Central sobre esse tema. São elas:
- As taxas de juros cobradas pelo parcelamento devem ser mais baixas do que as do rotativo;
- O cliente e a instituição definem a data de vencimento e a quantidade de parcelas a serem pagas;
- O valor dessas parcelas é acrescentado às próximas faturas;
- O Imposto sobre Operações Financeiras (iOF) também é cobrado sobre esse parcelamento;
- As taxas de juros costumam variar de acordo com a quantidade de parcelas escolhida.
Também existe a possibilidade de o banco fazer um parcelamento de fatura automático após o período de uso do rotativo. Mas, é preciso ter muita atenção, pois isso precisa estar previsto em contrato.
Além das condições mais vantajosas do que as do crédito rotativo, a instituição também deve oferecer informações claras e precisas sobre a operação de parcelamento na fatura.
Juros rotativo
Os juros no rotativo são calculados com base no valor que deixou de ser pago na fatura anterior. Porém, como já ressaltamos, os juros do crédito rotativo figuram entre os mais caros de todo o sistema financeiro.
Na prática, em apenas um ano, os juros do rotativo podem fazer com que sua dívida duplique ou mesmo triplique de tamanho. Por exemplo, vamos imaginar uma dívida de R$ 1 mil e aplicar a taxa de juros anual mais alta que consta no relatório do Bacen: 1.054,53%. Essa dívida ficará assim:
Valor inicial da dívida | R$ 1 mil |
Taxa de juros | 1.054,53% |
Valor da dívida após um ano | R$ 11. 545,30 |
Dessa forma, é muito fácil entrar em uma bola de neve. Por isso, reforçamos a importância de fazer um bom planejamento financeiro e, se necessário, optar pelo parcelamento da fatura. Assim, é possível escapar desse tipo de dívida e manter o controle de suas finanças.
Confira as cinco instituições que cobram as taxas de juros rotativos mais baratas e as mais caras:
Instituição que cobra as taxas mais baratas | Juros rotativos mensais | Juros rotativos anuais |
Zema Financeira | 0,63% | 7,78% |
CCB Financeira | 0,68% | 8,47% |
Banco Andbank | 1,48% | 19,27% |
Banco Daycoval | 3,94% | 59,00% |
Banco XP | 4,06% | 61,30% |
Instituição que cobra as taxas mais caras | Juros rotativos mensais | Juros rotativos anuais |
Banco Cetelem | 19,91% | 783,31% |
Omni Banco | 19,97% | 789,02% |
Banco Sorocred | 20,03% | 794,19% |
Lecca Financeira | 21,84% | 969,92% |
Omni Financeira | 22,61% | 1.054,53% |
Como calcular os juros rotativos?
- Consulte sua fatura ou contrato do cartão;
- Descubra qual é o valor mínimo permitido pela operadora;
- Informe-se sobre a taxa de juros cobrada pela instituição financeira;
- Subtraia o valor mínimo pago do total da fatura. O resultado será o valor sobre o qual o rotativo será calculado para a próxima fatura;
- Multiplique esse valor pela porcentagem referente à taxa de juros;
- Adicione o valor de iOF mensal e diário, que correspondem a 0,38% e 0,0082%, respectivamente;
- Some todos esses valores e descubra o valor total que terá que ser pago no próximo mês.